Já começo a considerar a hipótese de comprar um dominó para ter o que fazer. O tempo investido na escrita é, até o momento, tão inútil quanto sentar em um banco de praça e jogar dominó com um amigo. Embora ainda precise encontrar um parceiro de jogo que me deixe ganhar pelo menos uma vez ao dia.
Quero sentir o gosto da vitória — aquele afago gostoso que abala até a alma e levanta sua autoestima, já que levantar é algo complicado e, às vezes, frustrante.
Talvez, em um parque, as tonalidades de verde das árvores e os caminhos que as pedras do dominó formam me mostrem que existe vida além das letras, e que eu posso continuar registrando minhas ideias para o meu eu interior.
Cada jogada das peças vem carregada de emoção, como se eu tivesse encontrado a palavra certa para realçar uma ideia. Porém, sem maiores expectativas, nem compromisso em proporcionar algo divertido para alguém.
É apenas um jogo besta, feito para quem não tem capacidade de jogar xadrez — nem de escrever algo cativante.
Acho que até já tenho um bom parceiro para esse jogo.
Eu mesmo. Vou jogar comigo mesmo... e quero ver eu perder
Um desabafo em forma de crônica, num dia em que a escrita pareceu mais pesada que de costume. Ainda assim, continuo — não por saber, mas por precisar.