Estava pensando em como certos alertas aparecem no planeta: nascem, ganham consistência com entrevistas, documentários, especialistas fazendo palestras pelo mundo afora e, sem mais nem menos, desaparecem, caem no comum.
Entre tantos assuntos catastróficos, eu lembro bem do efeito estufa. Nossa, a temperatura ia sair do controle, o clima ia mudar o planeta e transformar os ecossistemas radicalmente. E um dos principais causadores disso era o peido. Verdade. Estudos comprovaram que o pum das vacas e dos touros contribuía para tal apocalipse.
Logo a pobre vaca, que veio ao mundo somente para dar leite e carne. Nasce e, com pouco tempo, vai para o abatedouro e, ainda por cima, não pode soltar nem uma bufa.
Culparam ar-condicionado, geladeira, carro, desodorante... Até uma vela de sete dias que eu acendia como promessa tive que trocar por uma de aniversário, para não ser culpado pelo armagedom. Eu, Luciano, nordestino e aposentado, não seria um dos que carregariam nos ombros, juntamente com a vaquinha Mimosa, um cataclisma de tal magnitude.
Bem, amigos leitor e leitora, o tempo passou, a vaca continua soltando pum, fazendo (como todos nós) o seu cocozinho, e a estufa vai muito bem, obrigado.
Tem também manifestações que são um puro atestado de ócio. “Vamos salvar o Cururu Tetei!” Foi o único animal sem valor de mercado que não contou com nenhuma ação para sua sobrevivência. Panda, mico-leão-dourado, baleia e mais alguns privilegiados contaram com apoio maciço das celebridades. Entretanto, salvar o amigo que vos fala do seu cartão de crédito... não aparece uma alma. Será que minha pessoa vale menos do que o tamanduá-bandeira?
Provavelmente sim. Contudo, tenho meu valor reconhecido por todas as autoridades e sou até exaltado e paparicado como um ser humano importante e merecedor de respeito — bem mais do que a ariranha-do-papo-amarelo — é só começar o período eleitoral. Aí, meu querido leitor, nem o Greenpeace pode comigo.
Bem, enquanto não chega o referido período, vou encangando grilo e registrando meus devaneios.
Beijos e abraços.