Esperado como um primogênito, ele chegou.

— Chegou... — falou minha mulher já cheia de esperança, enquanto eu delicadamente manuseava o tão esperado Cartão de Crédito.

E com aquela mesma cara de surpresa que os pais de antigamente tinham ao descobrir o sexo do rebento, eu encarava o envelope para saber o tão aguardado limite.

Acompanhando essa maravilha da modernidade, vinha o certificado de nascimento de mais um negativado. Porém, no papel, só puxavam meu saco, me parabenizando pelo suicídio, e, em letras miúdas, frisavam: uso apenas em operação de Débito.

Pronto, meu amigo leitor, foi um tsunami de água gelada nos nossos planos.

Entretanto, o espertinho ainda oferecia uma alternativa: eu colocava meu dinheiro numa caixinha, ele liberava o valor correspondente em crédito e ainda me cobrava juros do meu próprio dinheiro. Não é bacana isso?

Eu virei mais do que um cliente. Virei um cliente banqueiro.

Já me via alugando uma sala na Avenida Faria Lima e bolando algum tipo de pirâmide só pra me vingar.

Bem que eu desconfiei da intenção dessa operadora. Na postagem dizia: “Cartão de crédito para negativados.” Quem, em sã consciência, vai emprestar dinheiro para quem não pode pagar? Nem minha mãe acreditaria nessa conversinha. Contudo… vai lá que...

Bom, querido amigo e amiga, estou aqui com o pega otário servindo de marcador de página de livro. E só pra te deixar atualizado: cancelei a sala na Faria Lima, mas a pirâmide... ainda estou considerando.

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Abraço.