Frases Famosas Que Não Fazem Sentido (Mas A Gente Finge Que Sim)

Estive pensando: quantas frases faladas ao longo da história são sem sentido, sem nenhuma necessidade?

Vou começar com o famoso grito de Dom Pedro, logo após fazer cocô na moita: “Independência ou morte!”. Gritou o português, cercado pelos seus soldados. O que ele esperava? Que houvesse algum espião português infiltrado e respondesse... “Morte!”?

“O Brasil é o país do futuro.” Isso é uma pérola. É de uma profundidade filosófica que deixa o buraco negro mais palpável do que os buracos da minha rua. É, verdadeiramente, o encontro de duas retas paralelas no infinito. E lembrar que o gênio que falou isso foi aplaudido...

Temos, também, uma obra-prima de Getúlio Vargas: “A saúde do povo é a suprema lei.”
Agora entendi os motivos de tantas filas nos hospitais públicos. Garanto aos amigos leitores que muitos dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil — como ele costumava abrir seus discursos — foram ao delírio, sem ter a mínima ideia do tamanho da piada e da cruz que teriam que carregar.

E o tão badalado “Ninguém solta a mão de ninguém”.
Estamos vendo, atualmente, que basta uma cara feia para essa corrente humana se quebrar rapidinho. Outro poderoso soltador de mãos é o dinheiro — e não poderia ser diferente: como pegar as notas com as mãos ocupadas? Agora, se você quer comprovar que essa frase é uma furada, é só ver se os sobreviventes do Titanic estavam de mãos dadas.

Falando em frases lembradas para sempre, Martin Luther King Jr. declarou: “Eu tenho um sonho.” Todos aplaudiram — e até hoje suas palavras são repetidas com reverência.
Por isso, não vou dizer que também tenho um sonho, pois sei muito bem que ninguém se interessa pelo meu, que é só que minha aposentadoria chegue até o final do mês.

E quando o comandante da missão Apollo 13, Jim Lovell, falou para o controle em terra: “Houston, temos um problema”, todas as atenções se voltaram imediatamente para o salvamento da missão.
Já eu, se digo: “Gente, estou com um problema... gente... alguém aí?”, a única resposta que recebo é o eco da minha própria voz — e, às vezes, nem isso.

E a célebre frase do discurso de Winston Churchill, exaltando os pilotos ingleses durante a Batalha da Inglaterra — “Nunca tantos deveram tanto a tão poucos” — pode ser usada, na íntegra, aqui no Brasil. Basta olhar pelo prisma financeiro.

Não importa o quão impactante seja a frase — no fim, são apenas palavras. O que realmente importa são as atitudes que vêm depois delas. Afinal, até o famoso “Siga-me os bons” precisa de uma boa razão para que alguém queira caminhar junto.