O biscoito e o não
Esses dias, estava numa fila de supermercado quando vi uma avó com seu neto. Notei, nos olhos dela, uma ansiedade silenciosa. O menino, que devia ter uns cinco anos, pedia um pacote de biscoito cuidadosamente colocado próximo ao caixa, na altura exata dos olhos da criança.
A senhora, com calma, dizia:
— Não, meu filho, você não pode comer isso.
Ela então ligou para a mãe da criança, relatou o que estava acontecendo, informou o valor do biscoito e continuou firme em negar a compra.
O menino não fazia escândalo. Apenas segurava o pacote e olhava para a avó com os olhinhos já marejados.
A senhora então me olhou e disse:
— A mãe dele pediu para não comprar... — como se buscasse justificar a própria atitude.
Eu sou um crítico ferrenho de criança malcriada, daquelas que fazem escândalo no meio da loja. Mas aquele garotinho... de tanto ouvir “não”, parecia já chorar por todos os “nãos” que ainda teria que escutar na vida.
Peguei o pacote de biscoito e, perguntando à avó se podia dar, entreguei-o à criança, que ainda olhou para ela e perguntou, baixinho:
— Eu posso?
Com o consentimento da avó, o sorriso voltou ao rosto do menino.
Como é simples fazer uma criança feliz.
Como é fácil ser gentil.
Como é bom fazer o bem.
E como faz bem, pro nosso coração, ver uma criança sorrir.
Luciano Fernandes
Enviado por Luciano Fernandes em 22/06/2025
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