Missão Bancária: Uma Jornada Sem Volta
Início da Jornada
Sabe quando você atinge a velocidade V1, aquela em que não dá mais para retroceder, mesmo sabendo que sua sogra está a bordo? Quando a época do “no meu tempo” começa a querer adequar os fatos, como um ajuste em uma roupa que não lhe cabe mais, só para lhe dar o prazer de comprovar que uma pitada de saudosismo cai bem em qualquer circunstância? Aconteceu comigo essa semana e você, meu amigo, vai saber em primeira mão.
A Chegada à Agência
Depois de muitos anos, tive que ir a uma agência bancária. Talvez o amigo ainda não tenha tido o desprazer de visitar esse local, mas no meu caso, foi completamente necessário. Na entrada, fui tirar uma senha para o caixa, mas o segurança afirmou que, para ser atendido no caixa, era preciso primeiro passar pelo gerente. Acatei de imediato, principalmente após verificar o tamanho da arma na cintura dele.
O Setor de Gerência
No setor de gerência, seis mesas vazias. Pelo menos, não constatei nenhum ser materializado. Encostado na parede, de frente para a gerência, cadeiras nos aguardavam, sinalizando uma dupla dúvida: são para amenizar a espera ou para o nosso conforto?
Li meus e-mails, fiz anotações para futuras crônicas, mandei a receita de um empadão de frango para o meu filho e, após dois cafezinhos, chamaram meu nome. Pensei:
"Deus, será que o SERASA já me descobriu aqui?"
O Drama das Digitais
Tiro minhas digitais, ou o que sobrou delas, e me dirijo aos caixas eletrônicos, certo de que em poucos minutos estarei livre desse tormento que me acompanhava desde a sexta-feira passada. Mas como sou ingênuo! A máquina não reconheceu minhas digitais.
Será que, da mesa da gerência até o caixa eletrônico, roubaram minhas digitais? Tenho certeza absoluta de que todos os dez dedos são meus desde que nasci.
O Cliente Perdido no Tempo
Volto à gerência, que agora está atendendo um cliente que aguarda há 40 dias um talão de cheques solicitado. Fiquei satisfeito, pois conheci, ao vivo e a cores, o único usuário de cheques ainda existente no universo.
O gerente me atende e me encaminha ao caixa, onde eu queria ir desde que cheguei, mas fui gentilmente aconselhado ao contrário.
O Polivalente
Novamente, cadeiras à vontade. Afinal, com o número de funcionários reduzido, optaram por colocar cadeiras em vez de samambaias.
Acomodado na poltrona, volto ao celular, agora para confirmar que ainda estou no banco e vivo, por enquanto. Quando sou chamado ao caixa, me deparo com o gerente.
Pode acreditar, meu amigo: ele faz as duas funções! É ou não é um rapaz polivalente?
O Desfecho
Saí do banco com a sensação de que tinha cumprido uma missão digna de um explorador. Não um explorador moderno, desses que sobem o Everest com Wi-Fi e patrocínio, mas sim um desbravador dos tempos antigos, daqueles que atravessavam oceanos sem garantia de voltar.
Respirei fundo. Sobrevivi. Ainda existo. Mas agora sei que, quando um segurança disser para onde devo ir, melhor obedecer de primeira. Ele sempre sabe.
E minha sogra? Bom, continuo sem chance de voltar atrás.
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Luciano Fernandes
Enviado por Luciano Fernandes em 06/04/2025
Alterado em 17/06/2025