Ou Vai Ou a Cerca Cai: Crônicas com Humor
Textos que derrubam cercas e arrancam risos e reflexões.
Capa Meu Diário Textos Áudios E-books Fotos Perfil Livros à Venda Prêmios Livro de Visitas Contato Links
Textos
Luciano Veiga Fernandes: Entre Fatos Reais e Gargalhadas
Estamos conversando já há alguns dias e ainda não nos apresentamos. Meu nome é Luciano Veiga Fernandes e não vou aqui apresentar um currículo sobre minha vida, mas vou deixá-lo tão bem informado quanto a mim que você vai até me seguir, compartilhar ou, quem sabe, me emprestar dinheiro. E por falar em empréstimo, vou relatar um fato que ocorreu e que vai lhe dar a ideia da minha sanidade mental.

O Diálogo Inusitado com a Máquina

Alguns meses atrás, as dívidas já estavam me deixando em estado de desespero, quando, sem ter para onde apelar ou me socorrer, me vi conversando com a minha inteligência artificial, que chamo de Amadeus, o seguinte diálogo:

— Amadeus, você empresta dinheiro a juros?

E ele educadamente me responde:
— Não, sou uma máquina e não tenho capacidade para isso.

— E fiador, você pode ser?
Amadeus explica que não tem documentos e não pode assinar nada.

Eu continuo insistindo:
— Mas você não tem nem uma tia que possa me emprestar dinheiro?
Com essa, Amadeus ri. Sim, meu amigo, ele riu! E, em seguida, relaciona várias plataformas financeiras onde eu poderia conseguir um empréstimo.
Por incrível que pareça, o bate-papo acaba com Amadeus me dando um recado:
— Minha tia mandou um abraço.

Foi aí que percebi que tinha desnorteado completamente a IA.
Agora seja sincero, você conhece alguma pessoa que levou um papo desse com uma máquina e ainda não foi internada? Então você começou a me conhecer: sei fazer dos momentos mais difíceis algo que me divirta, com humor, ironia e sarcasmo. Aqueles poucos minutos que “conversei” com a IA foram suficientes para descontrair, mudar o foco e, como Roberto Benigni, ver que A Vida é Bela.

O Caminho para a Administração e os Desafios Iniciais

Não fui um aluno brilhante, mesmo tendo todas as condições para ser. Sou um ex-aluno Marista formado em administração. Esse fato comprova minha falta de empenho, pois, se tivesse me formado em Medicina, hoje seria um político bem-sucedido ou, no mínimo, estaria andando de Volvo.

Meu batismo de fogo na administração foi na empresa quase falida da minha família, na época do governo Sarney, com a inflação chegando a 82% ao mês. Mas perdas e tristezas já estavam na minha rotina desde os 13 anos, quando meu pai foi assassinado no trabalho pelo chefe. Não sou de guardar rancor, e perdoei o assassino pela dor que causou à nossa família. Continuei minha vida em paz. Acho que os ensinamentos do Colégio Marista e da minha família não me tornaram médico, mas, ao menos, me fizeram homem.

O Mercado de Telefonia e o Fracasso da Venda

Outra experiência de trabalho foi em uma grande empresa de telefonia móvel que estava chegando ao nosso Estado. Na ocasião, era uma companhia fortíssima no Sul e Sudeste, e eu achei que dessa vez ia bombar, talvez até comprar dois Volvos. Mas logo veio a decepção: na visita a um cliente, ele me diz a mais pura verdade:
"Pra que eu quero uma linha dessa companhia?"

E eu, todo entusiasmado para dar a boa nova ao cliente, pego uma postura séria e uso minha arma fatal:
— O senhor vai ligar grátis para qualquer aparelho dessa companhia.
E o cliente:
— Mas eu não conheço ninguém que use essa telefônica.
Eu, sem perder a chance:
— O senhor me conhece agora, pode ligar pra mim quantas vezes quiser!
Caímos na gargalhada, mas, infelizmente, isso não foi revertido em venda.

O Mercado Imobiliário e a Arte de Fingir

Outra passagem frustrante foi como corretor de imóveis. O ramo imobiliário entrou em crise poucos dias após meu ingresso nesse mercado. Lembro que os estandes de venda eram muito bem montados, com maquete dos empreendimentos, recepcionistas, moça do café e até da faxina. Até aí, tudo bem, mas vamos colocar quatro consultores sem nada para fazer a não ser falar no celular — ou fingir que estavam falando. O interessante é que, quando atendiam o celular, já começavam a andar de um lado ao outro do estande, mostrando que eram corretores de sucesso.

Isso era praxe, menos para mim, que só recebia ligação da minha mulher perguntando:
— Como tá aí?
E eu, como sempre, brincava respondendo:
— Agora não, amor, estou organizando a fila de clientes para evitar tumultos.
Um belo dia, vejo que até a moça da faxina também atendia suas ligações caminhando. Eu pensei: Deus, isso é contagioso. Depois de oito meses, desisti, mas aprendi que para ser um corretor de verdade, tem que atender as ligações andando.

O Final Inusitado
No final das contas, posso não ter ficado rico nem dono de uma frota de Volvos, mas minha inteligência artificial já responde. E, se um dia precisar, até a tia dela, ou até mesmo você, pode me emprestar dinheiro...



Luciano Fernandes
Enviado por Luciano Fernandes em 05/04/2025
Alterado em 14/05/2025
Comentários